Crefito-3 apoia a luta por uma sociedade sem práticas manicomiais
Projetos do vereador Bruno Zancheta garantem presença de fisioterapeutas em partos e instituem data comemorativa para as categorias
Unidades no interior e litoral vão receber profissionais (mediante agendamento) para entrega de documentos
Publicado em: 28/04/2025
Projeto de Lei propõe atenção integral a vítimas de queimaduras
Crefito-3 acompanha tramitação do PL que reconhece complexidade do tratamento e reforça importância da fisioterapia e terapia ocupacional nesse cenário
O Projeto de Lei (PL) nº 4558/2019, de autoria do deputado federal Marreca Filho (PATRIOTA/MA), aprovado pelas Comissões da Câmara dos Deputados e atualmente em tramitação no Senado Federal, dispõe sobre a atenção e os direitos das pessoas vitimadas por queimaduras. A proposta visa garantir uma abordagem integral a esses pacientes, reconhecendo suas demandas clínicas, funcionais e sociais. Para a fisioterapeuta Dra. Juliana Mendes de Cerqueira Leite, especialista em Fisioterapia Dermatofuncional e conselheira efetiva do Crefito-3, a aprovação da matéria representa um avanço tanto para os pacientes quanto para os profissionais da saúde. “São diversas formas que a fisioterapia pode ajudar esses pacientes, pois as queimaduras podem comprometer funções motoras, respiratórias, circulatórias e sensoriais”, afirma Dra. Juliana. A atuação da fisioterapia é essencial em diferentes fases do tratamento, desde o momento inicial da internação até o processo de reabilitação e reintegração social. Queimaduras comprometem funções Entre os principais comprometimentos funcionais observados em vítimas de queimaduras está a perda da função da pele, cuja integridade é fundamental para a proteção, regulação térmica, sensibilidade e barreira contra infecções. Segundo Dra. Juliana, “com a destruição da pele, o corpo perde essas funções básicas, o que pode levar à desidratação, infecções e desequilíbrios térmicos”. Nesses casos, a fisioterapia atua no controle do edema, mobilização precoce, prescrição de ativos dermatológicos e prevenção de complicações respiratórias e motoras. Outro aspecto crítico é a restrição de movimento causada por cicatrizes e retração dos tecidos, especialmente nas articulações. A fisioterapia promove alongamentos, mobilização articular, fortalecimento muscular e uso de posturas terapêuticas que evitam retrações. Queimaduras extensas ou inalatórias podem ainda gerar comprometimento respiratório, exigindo técnicas de higiene brônquica, exercícios respiratórios e, em alguns casos, ventilação não invasiva. A perda de força muscular e a atrofia decorrentes da imobilização prolongada também são foco da fisioterapia, que atua para prevenir a sarcopenia e promover a reabilitação funcional. Já as dores e hipersensibilidades, causadas por lesões nervosas ou regeneração incompleta da pele, são tratadas com dessensibilização, TENS e cinesioterapia suave. “A dor interfere diretamente no movimento, no sono e na recuperação funcional”, reforça Dra. Juliana. O impacto psicológico das queimaduras também merece atenção. Alterações na imagem corporal, dor crônica e limitações funcionais podem afetar profundamente a autoestima e a vida social dos pacientes. “A fisioterapia, em conjunto com a psicologia, promove a reintegração social, a independência funcional e a melhoria da autoestima”, afirma a conselheira. Fisioterapia é fundamental no tratamento A atuação do fisioterapeuta junto à equipe multiprofissional é fundamental. Dra. Juliana destaca a necessidade de articulação com enfermeiros, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos e médicos: “Pensamos sempre no beneficiário final, que é o paciente. Ele precisa de dieta individualizada, estabilização em sua saúde mental, controle clínico e medicamentoso, tratamento das feridas e reinserção laboral”. Embora não seja obrigatória a pós-graduação em Fisioterapia Dermatofuncional para tratar pacientes queimados, Dra. Juliana recomenda fortemente a capacitação contínua. “Esse é um perfil de paciente que exige manejos e ferramentas específicas. Muitos profissionais não se sentem preparados. A formação específica garante mais segurança técnica e ética para a atuação”, lembra, citando a Resolução Coffito nº 424/2013, que estabelece a obrigatoriedade de atualização profissional. Dra. Juliana conclui ressaltando que, se aprovado, o PL 4558/2019 trará benefícios diretos à população e incentivará o fortalecimento da atuação fisioterapêutica nessa área especializada. “Teremos um aumento do interesse na capacitação e oportunidade aos profissionais fisioterapeutas de atuarem com segurança e qualidade. Isso se traduz em melhores resultados para os pacientes e em oportunidades profissionais em um nicho ainda pouco explorado”, finaliza.